O remédio é a educação básica ou as faculdades?
"Nós
sabemos sem sombra de dúvidas que um caminho, do ponto de vista de sua
perenidade, mais que outros, tem o poder de assegurar o acesso das pessoas a
igualdade de oportunidades: é a educação. Igualdade de oportunidades é uma
situação em que, em um país, há garantia para todos os cidadãos de acesso a
todas oportunidades, seja qual for sua origem, gênero ou raça". Esta é uma
afirmação da presidente Dilma Rousseff que, no entanto enfrenta um grande
paradoxo, já que o Brasil obteve a penúltima colocação no ranking de qualidade
de educação, além de ser perceptível a falta de interesse e cultura da população.
Porém, como um país que tem um dos salários de professores mais baixos
do mundo, além de ter um péssimo investimento em educação e saúde pode querer
ter uma boa reputação em comparação com países como Finlândia, Coréia do Sul, Holanda, ou Grã-Bretanha, cujas aplicações governamentais em tais setores são
admiráveis. Um forte exemplo, e muito divulgado, é o da Grã-Bretanha, na qual o
NHS (National Health Service), equivalente ao
SUS do Brasil, no entanto com apenas uma diferença: não é necessário ter um
plano particular de saúde para “sobreviver” no caso de uma drástica, ou simples
doença. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) os investimentos bancados
pelo governo para melhorar o NHS varia em torno de 83%, já o do Brasil chega a
44%.
Em um de seus depoimentos Dilma “apela” para os
pais, dizendo que eles devem incentivar os filhos a ler e escrever. Porém há
uma pergunta que não quer calar: Como cobrar incentivo à cultura, se os
próprios pais não detêm da cultura necessária para tal estímulo?
Outro “produtivo” estímulo, no entanto, este
direcionado aos jovens, são as Cotas, as quais encobrem o real problema, que se
encontra na alfabetização, o início da “grande bola de neve”.
Há quase um ano atrás, durante uma aula de
história a qual tinha como tema ditadura militar, acabamos, eu o professor e
mais alguns alunos, iniciando uma discussão sobre a péssima qualidade de ensino
no nosso país, e depois uma pergunta feita por mim: Mas por que a falta de
investimento no ensino básico e exagero em faculdades, graduações, em fim, na
formação final? Obtive a seguinte resposta, que com certeza me fez entender o
interesse do nosso governo: Diga-me uma coisa, quantos anos um aluno que está
1° ano demora para chegar na faculdade? Pelo menos 11 anos, e quantos anos um
presidente pode ficar no poder? No máximo 8 anos. Mesmo que esse presidente
investisse em educação básica logo no início do seu mandato, ele não colheria o
prestígio e reconhecimento da população, já que o próximo presidente estaria no
comando quando os resultados começassem a aparecer, ou seja, é muito mais
cômodo investir em um lugar que lhe dará supostos resultados, sendo ele as
faculdades formando, em alguns casos, profissionais sem qualidade.
Infelizmente a realidade é pouco saudável para
a educação, sendo necessária a mobilização da nossa sociedade para lutar por
algo que trará bons, e reais, resultados, sendo os problemas encarados e
solucionados, sem serem cobertos por um suposto “remédio” que entregaria as
vantagens a meia dúzia de pessoas, para desfrutarem em barcos, hotéis e casas
de luxo, em quanto 99,9% da população sofre as consequências.